" O escritor é um homem que mais do que qualquer outro tem dificuldade para escrever" (Thomas Mann)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Nephilim - Capítulo I

Capítulo I




Dezenove anos depois...

Estava no vácuo. No infinito. Não conseguia sentir nada. Nessa imensidão branca eu ouvia vozes me chamando e, a todo o momento via vultos passando a uma velocidade inacreditável e, uma luz brilhava intensamente. Então, uma dessas vozes me chamou de uma forma diferente, meio doce, quase um sussurro – Jared. Continuaram a dizer meu nome, mas agora voz estava ficando mais forte e me fez sair daquele estado de paz em que eu me encontrava. Foi aí que percebi que estava dormindo. E o pior: eu estava dormindo no meio da aula de anatomia da faculdade de medicina.

Mas não podem me culpar por dormir. A aula estava um tédio e eu sabia aquela matéria toda. Sempre tive facilidade na escola e, na faculdade não é diferente. Mas, ultimamente, apesar de ser inteligente e, ter a capacidade de pensar em várias coisas ao mesmo tempo, eu só conseguia pensar naquele sonho. Apesar de ter acordado, não conseguia prestar atenção na aula. Por isso deixei minha mente vagar pelas lembranças daquele sonho que, apesar de ter sido tranqüilo, como provavelmente devia ser a morte, me perturbava. Permaneci assim até o final da aula.

Quando estava saindo, o professor me chamou à sua mesa:

- Jared, todos sabemos que você tem uma inteligência fora do comum e suas notas são excepcionais...

- Mas... – continuei.

- Mas você não pode ficar dormindo na aula. Se você pretende ser um bom médico, é melhor prestar muita atenção em tudo que está sendo ensinado. Lamento dizer isso, mas se este fato ocorrer novamente não vou poder deixar passar em branco. Você entendeu?

- Tudo bem, agora posso ir?

- Pode.



Segui direto para meu quarto no campus e liguei o computador. Decidi pesquisar sobre o sonho, afinal, não era a primeira vez que ele acontecia. Coloquei na Google: “Sonhos relacionados com Luz”. Apareceram diversas opções, porém todas inúteis. Estava quase desistindo quando um link me chamou atenção. Ele dizia o seguinte: “A luz, nem sempre é algo do bem”. Abri o link e comecei a ler. O texto falava sobre Lúcifer, o anjo da luz. Dizia também coisas sobre ele ter se rebelado contra Deus e começado uma guerra celestial. Mas não me serviu de muita coisa. A maioria do que estava ali eu sabia, pois meu pai é um católico fervoroso. Desde que eu me lembre ele me leva para a Igreja com ele. Diz sempre que eu tenho que agradecer muito pelo meu nascimento. Que só posso ter nascido por um milagre. Nunca entendi muito bem o porque disso, ele não gosta de falar muito sobre o assunto. Na verdade, as únicas coisas que sei sobre meu nascimento são: meu pai fez o parto e minha mãe morreu assim que eu nasci.

Desliguei o computador, porque não havia nada que me servisse e fui deitar um pouco. Mais tarde teria uma festa em uma das casas do campus.



Quando acordei já havia escurecido. Tomei um banho rápido, me arrumei e saí. No meio do caminho encontrei dois amigos: Dominic e Julie. Juntei-me a eles e seguimos conversando para a festa. O tempo passou rápido e logo já podíamos ouvir a música e, ver as pessoas bebendo e dançando. Entrei cumprimentando a todos e sentei com meus amigos em uma mesa perto da porta da sala de estar, que estava sendo usada como pista de dança. Continuamos conversando sobre diversas coisas por um tempo, quando Paul falou alto:

-Olha aquela garota –apontava para uma garota de pele branca, cabelos lisos louro escuros, olhos claros e com um belo corpo. Ela olhava fixamente para nossa mesa enquanto dançava.

Aos poucos ela foi se aproximando de onde estávamos. Chegou próximo a mim e tocou em meu braço, depois saiu, fazendo sinal para que eu a seguisse. Ela me olhou de uma maneira irresistível, por isso nem pensei duas vezes antes de ir atrás dela. Despedi-me de meus amigos, que ficaram com cara de invejosos, e saí. A segui por algum tempo em direção as outras casas do campus, porém ela parou em frente a uma lanchonete fechada, que ficava há alguns metros da casa onde estávamos. Eu não estava acreditando que uma garota como ela poderia querer alguma coisa comigo. Ela virou-se para mim.

- É você? – perguntou com um sussurro, ao pé do meu ouvido. Antes mesmo que eu respondesse, ela continuou – Sim. É você mesmo quem ele quer.

-Ele? Desculpa, mas não curto estas coisas não.

Ela parecia não me escutar e continuava a me seduzir. Mesmo com o olhar de loucura que ela estava, ainda era bem sexy. Quando eu ia falar alguma coisa, ela me interrompeu com um beijo. No início estava bom, normal. Mas, depois de alguns segundos, imagens perturbadoras começaram a aparecer em minha mente, como pessoas sendo torturadas de formas inimagináveis. Afastei-me dela e as imagens pararam. Quando a olhei, percebi que seus olhos que antes eram azuis como o céu, agora estavam escuros como a noite e, uma sensação de angústia e desespero passou pelo meu corpo. Ela olhou em meus olhos e perguntou com uma voz doce:

- Não quer ficar comigo?

Quase cedi, mas consegui me conter. Ela não parecia mais tão bonita como antes. Estava mudando. Seus olhos que antes eram azuis e depois ficaram negros, agora estavam vermelho-sangue. Suas unhas de repente estavam enormes, seu rosto parecia apodrecer, seu sorriso exibia a pura maldade. Na mesma hora saí correndo com a maior velocidade possível. Ela parecia se divertir com meu desespero, ao mesmo tempo em que caminhava lentamente na mesma direção em que eu corria.

Ela deixou que eu me distanciasse e, de repente, apareceu em minha frente e me golpeou com uma espécie de cauda. Fui jogado com violência em cima de alguns bancos de mármore. Não sei como não morri com esse golpe.

-Preciso levar você vivo, mas ninguém disse nada sobre ter que levá-lo inteiro. – falou ela e, como em todos os momentos, estampava no rosto um sorriso maligno.

Tentei me levantar, mas ela não deixou. Chegou perto do meu rosto e depois me lambeu.

- Hmm...carne celestial...

Fechei meus olhos esperando o golpe final. Quando parecia que tudo estava perdido, ouviu-se um bater de asas e, um cheiro muito forte de queimado espalhou-se pelo ar. A senti sendo retirada de perto de mim de maneira brusca. Depois disso, ela gritou me maneira ensurdecedora. Abri meus olhos e vi um homem (ao menos parecia um) com um par de asas retirando uma espada com uma lâmina de fogo que havia sido atravessada por ele, no coração da “garota”. Fiquei em estado de choque e a única coisa que conseguir dizer foi:

-Anjo?

3 comentários:

  1. Sem palavras!!! Quero ler a continuação com toda certeza!!! Me avisem quando escreverem mais!

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  2. Noossaa!!! Que criatividade fora do comun! Galerinhaa .. parabéns! Vcs arrebentaram! Ficarei aguardando o próximo capítulo!! hehe .. beiijos à todos aii! =] SUCESSO!

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