" O escritor é um homem que mais do que qualquer outro tem dificuldade para escrever" (Thomas Mann)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Nephilim - Capítulo 2

Capítulo 2




O homem com asas, que segurava a espada, pareceu me ouvir e respondeu tranquilamente:

-Não sou um anjo. Sou metade.

Enquanto ele falava, me levantei e me aproximei dele e do corpo que estava ao seu lado.

-Metade? - perguntei meio surpreso – Nunca ouvi falar de um meio anjo...

Ele guardou a espada, que não estava mais em chamas, em uma bainha em sua cintura e, suas asas começaram a diminuir e a entrar em suas costas, até sumirem completamente. Agora ele parecia um cara normal, de mais ou menos uns 22 anos, usando calças jeans e uma camisa de manga comprida. A única coisa estranha nele agora eram os dois buracos na camisa, por causa das asas.

-Desculpe minha falta de educação. Meu nome é Brian. Eu sou um Nephilim e, para sua surpresa, você também.

Fiquei em silêncio por alguns segundos e, então, comecei a rir e disse:

- Ahh, ta bom, só espera um minutinho que eu tenho que ligar pro meu amigo coelhinho da páscoa pra contar essa novidade. – continuei a rir, mas Brian não. Ele estava bastante sério. Percebendo isso parei de rir e perguntei a ele:

-Tá falando sério?

-Sim

-Não, não ta não. E sabe como eu sei isso? Eu tenho pai e mãe que são humanos! Pessoas totalmente normais!

-É claro que tem – Brian disse ironicamente – Mas seu pai não se parece em nada com você e sua mãe morreu no parto.

-Como...? – não consegui completar a frase. Comecei a pensar nas vezes que perguntava ao meu pai com quem eu me parecia e ele sempre dizia: “Você é completamente igual a sua mãe”. O que eu não imaginava é que ele dizia isso literalmente.

A voz de Brian me fez voltar ao presente quando disse:

-Acertei?

Concordei com a cabeça.

-Por que você acha que eu sou assim?

-É simples. Você libera uma espécie de energia muito forte. Um tipo de energia que só os anjos e seus filhos liberam.

-Mas é impossível eu ser parte anjo! – gritei. Ele ia dizer algo, mas de repente mudou de idéia e falou em um tom bem baixo:

-Vem comigo que eu explico tudo.

-Explique agora! – continuei em voz alta.

-Agora não dá! – respondeu ele com um olhar severo – Eles nos sentiram, temos que sair daqui imediatamente.

-Quem são eles?

Ele parecia estar perdendo a paciência, mas respondeu mesmo assim:

-Eles são os anjos. Agora vamos. Sem mais perguntas.

Ele começou a andar e eu o segui, porém quando passamos pelo corpo tive que perguntar:

-As pessoas não vão achar isso não?

-Eles se decompõem rápido. De manhã não haverá mais nada aí.

-Ela era oquê?

-Um demônio.

Andamos até sair do campus. Brian parou em frente a uma moto, retirou de baixo do banco um capacete preto e, me deu. Subimos na moto e seguimos pelas ruas vazias de Boston. Ele dirigia muito rápido e, quando me dei conta estávamos em frente a uma casa enorme, mas que parecia abandonada: a pintura estava manchada e, as plantas pareciam mortas, mas, o que mais me chamou atenção, foram os símbolos espalhados por todo o quintal.

-Que símbolos são esses?

Brian foi até um dos símbolos, abaixou-se, tocou em um deles e disse:

-São palavras enoquianas. Antes que você comece a me encher de perguntas, a linguagem enoquina é a utilizada pelos anjos. A magia dessas palavras também nos protegem deles e, dos demônios.

Olhei surpreso para ele, que se levantava e andava em direção à casa. Eu o segui. Permanecemos em silêncio até chegarmos a uma grande porta.

-Bem-vindo! – disse ele ao abrir a porta.

Fiquei impressionado ao entrar. A casa por dentro não parecia nada com o que era no lado de fora. Era tudo limpo e organizado, os móveis e a pintura eram bastante atuais, enfim, era como uma casa deveria ser.

-Desculpe, mas você ainda não disse seu nome – disse Brian.

-Jared – falei, um pouco sem graça.

-Bom, aqui vivem vários Nephilins, assim como eu e você. Nós nos chamamos de “Guerreiros Cinzentos” e, eu sou o líder. –falou Brian, impondo respeito.

Comecei a olhar em volta. Reparei que a maioria das pessoas que estavam ali aparentava ter entre 18 e 20 anos. Estava andando pela sala quando Brian continuou falando:

-Aqui você irá aprender a se defender dos anjos e dos demônios.

-Por que os anjos iriam querer nos atacar? Eles não são nossos pais?

Brian fez cara de impaciência e começou a falar algo que já disse milhares de vezes.

-Há muitos anos, houve uma guerra no céu. De um lado estava Miguel, com o exército de Deus e, do outro Lúcifer, com muitos anjos que foram para o seu lado. – ele deu uma pausa, depois continuou – Como todos sabem, Deus ganhou a guerra e, assim, mandou Lúcifer e seus anjos aliados para o inferno. Lúcifer, por ser o líder, ficou proibido de sair de lá, porém, os outros anjos podiam. Esses ficaram conhecidos como anjos caídos. – concluiu Brian. Ele estava saindo do cômodo quando perguntei:

-E aonde nos encaixamos nessa história?

-Nossos pais são esses anjos caídos.

-Mas o que eles iriam querer com a raça humana? Pelo que eu saiba, os humanos são uma das razões para Lúcifer ter se rebelado.

-Você sabe, os humanos são a imagem e semelhança de Deus. Assim, essa foi a forma que ele encontrou de contaminar a raça humana Nós somos uma das razões do grande dilúvio da Bíblia.

-Somos? – surpreendi-me – Mas não falam nada sobre Nephilins na Bíblia.

-Claro que falam. Mas, em algumas somos chamados de Gigantes, que é uma tradução do latim.

Ia fazer mais uma pergunta, quando ele me cortou:

-Chega de perguntas por hoje. – Brian virou-se para uma garota que estava na sala de estar – Vivian, leve o novato para um quarto.

Uma bela garota de cabelos ruivos e pele clara, trajando um vestido de seda azul-escuro veio andando em nossa direção, enquanto Brian se despedia para tratar de outro assunto do grupo, mais importante no momento. Ela me levou escada acima e me deixou em um quarto que tinha quatro camas.

-Descansa bastante que amanhã será desgastante.

Vivian disse e saiu. Deitei-me em uma das camas e, assim que encostei a cabeça no travesseiro, adormeci.





Acordei com o Sol forte no meu rosto, desci as escadas e perguntei a um garoto que estava no hall que horas eram.

-Uma da tarde – respondeu-me.

Não havia percebido o quanto havia dormido até que meu estômago roncou.

-Aonde comemos por aqui? – perguntei ao mesmo garoto.

-Lá fora. Vai por esse corredor – disse-me apontando o caminho – e entre na segunda porta à esquerda.

Agradeci e segui suas instruções. Ao chegar no local indicado, me deparei com uma grande área desmatada e duas grandes mesas, onde cerca de setenta pessoas estavam. Encontrei um lugar ao lado de Vivian e comi o que serviam. Todos almoçavam rindo e conversando. Nisso, Vivian me apresentou alguns dos Nephilins que estavam por perto. Havia gente de toda parte do país.

Após o almoço todos levaram seus pratos dentro e foram continuar suas atividades. Fiquei totalmente perdido, então perguntei a Vivian:

-O que fazemos agora?

Ela olhou pra mim com os olhos brilhando e um sorriso malicioso.

-Treinamos.

3 comentários:

  1. Essa história tah maneira pakas,toh gostando muitoo!!!!

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  2. olha, apesar de não gostar de anjos, to adorando a historia :D quero continuaçao wkakwkakw

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  3. A história está cada vez mais envolvente.

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